segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Novos endereços na Vila Planalto

Novos endereços na Vila PlanaltoFoto: Andressa Anholete/ 247

MORADORES APRESENTARAM OS PRIMEIROS TRAÇADOS DAS RUAS QUE DEVEM RECEBER AS CALÇADAS E POSTES DE ILUMINAÇÃO BAIXA. A RUA DA IGREJINHA SERÁ A RUA DA BOEMIA, A RUA 2 DO TAMBORIL SERÁ A RUA DO LAZER

25 de Novembro de 2011 às 19:43
Naira Trindade_ Brasília247 – As primeiras ruas da Vila Planalto, que receberam pioneiros da construção de Brasília, já estão sendo mapeadas para receber as melhorias de infraestrutura visando revitalizar o bairro, como o alargamento das calçadas e o rebaixamento de iluminação pública. Na primeira reunião de trabalho, nesta sexta-feira (25), integrantes da associação de moradores do bairro apresentaram, no Instituto des Arquitetos do Brasil, os primeiros traçados para transformar o lugar em recanto de turismo, gastronomia e de boemia.
Cinco ruas estreitas e uma longa avenida se transformarão numa espécie de Rua das Pedras, de Pirenópolis – município goiano a 120 km de Brasília. As ruas 2, 3, 4 do Tamboril, a Rua da Igrejinha, a antiga L4 Norte e a Avenida JK são as cotadas para começar. Os arquitetos deverão analisar junto com os moradores se os endereços a serem revitalizados serão esses mesmos ou se haverá alteração por pontos mais convenientes.
Os endereços escolhidos serão completamente modificados, de acordo com o pré-projeto apresentado aos arquitetos, urbanistas e políticos durante a reunião de trabalho do grupo. As calçadas serão alargadas, para que os visitantes tenham espaço para caminhar. Postes com luminárias mais baixas serão instalados para clarear as vielas e dar um charme de cidade histórica. Em alguns endereços, pedestres serão priorizados e a rua será fechada para passagem de carros. Assim, mesas e cadeiras poderão ser espalhadas pelo asfalto.
As propostas surgem e tendem a se adequar a um projeto que ainda será elaborado pelo grupo. Nesse primeiro momento, é captada a essência de como os idealizadores dessa ideia pretendem realizá-la. “Não podemos resolver os problemas do mundo, é preciso ter foco nessas melhorias que outras virão”, alertou o deputado federal Luiz Pitiman, ao abrir o discurso no instituto. O parlamentar referia-se a preocupação dos moradores com as irregularidades e a especulação imobiliária. Localizada a apenas 3 km da Praça dos Três Poderes, a Vila Planalto começa a chamar a atenção de construtoras. Não se pode, porém, erguer prédios no local, tombado pelo governo do Distrito Federal.
Pitiman esclareceu ao grupo que os trabalhos deles não devem interferir nas ações do governo do Distrito Federal. Assim, a fiscalização de construções de prédios de três pavimentos, que ferem o tombamento, não devem ser tratadas pela equipe. “À medida que revitalizarmos alguns endereços, a comunidade começará a cuidar do restante”, disse. O presidente da Associação de Moradores da Vila Planalto, Vantuil Paulo de Santana, culpou a ausência do Estado pelas irregularidades do bairro. “Ninguém impediu ou orientou e os moradores construíram do jeito que quiseram”, alegou.
Neta de Oscar Niemeyer, Ana Lúcia acompanhará as reuniões dos arquitetos do IAB com a associação dos moradores representando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no DF. Durante os quatro meses de trabalho, ela ajudará na elaboração do projeto de revitalização das ruas. As propostas de moradores também serão bem-vindas ao grupo. Eles aguardam duas emendas que dão R$ 2,5 milhões ao Ministério do Turismo para colocar em prática as propostas no bairro.


  1. Carlos Limaverde 26.11.2011 às 12:02
    UM PROJETO SONHADO - O diálogo com os moradores será constante. Asseguramos com todas as letras que nenhum passo será dado por parte da Associação que não passe por um diálogo aberto e franco com a comunidade. Com a oportunidade que nos foi dada de pensarmos um espaço com CALÇADAS ACESSÍVEIS, BOA ILUMINAÇÃO e RECUPERAÇÃO DE EDIFICAÇÕES que contam a história da VILA PLANALTO e seus pioneiros e idealistas, pensamos também em acessibilidade, visto aqui que o componente territorial, como bem diz nosso grande geógrafo Milton Santos, por um lado é o espaço físico a receber as idéias, e por outro ele é capaz de atribuir a todos os habitantes aqueles bens e serviços indispensáveis, não importando onde estejam as pessoas. Milton Lembra que uma adequada gestão do território, pela qual haja distribuição geral dos bens e serviços públicos, seja assegurado. Não existe nada ainda decidido, apenas num primeiro momento foi lembrado a importância de um PONTO DE MEMÓRIA, UMA CASA DE CULTURA, UMA CICLOVIA, UM RESTAURO DE IMPACTO, segurança para os pedestres, enfocando a entrada da VILA, e a escolha de uma edificação dentro do complexo FAZENDINHA, uma nova maneira de se vê a Vila Planalto, com um novo olhar que resgate a verdadeira importância histórica e cultural da área. Repetimos. O projeto passará por várias fases. Serão quatro meses de discussões e entendimentos, dentro dos quais colegas arquitetos, simpatizantes da causa participarão. Por enquanto o aporte financeiro é pequeno, devemos aproveitá-lo da maneira mais inteligente, ainda temos pouco para investir, por conta disto priorizamos o acesso principal e acesso para um de nossos maiores ícones da Vila que é o citado CONJUNTO FAZENDINHA. Prof. Arquiteto Urbanista MsC. Carlos Limaverde Assessor Técnico da Associação dos Moradores da Vila Planalto
  2. Wilton Araújo Câmara 26.11.2011 às 11:07
    Vantuil e Wilton, membros A Associação dos Moradores da Vila Planalto - AMVP, há pouco tempo atrás estiveram no Congresso Nacional procurando apoio político para a Vila Planalto e encotraram o Deputado Luiz Carlos Pietschmann em um corredor e solicitaram a sua ajuda. A Vila sempre foi criticada pelos técnicos do GDF que só respondiam, "não pode...!". Com o apoio voluntário do mestre Limaverd, arquiteto e urbanista, passamos a ter um parecer técnico. Mas esta opinião preocupada em fazer e resolver, focando a solução e não o problema. A AMVP agradece ao Dep. Luiz Pietschmann, pois ele conseguiu reunir profissionais de Organizações dignas de confiança para trabalhar junto com a comunidade da Vila Planalto focando a elaboração de projetos que resolvam os problemas do bairro. Wilton Araújo Câmara Conselheiro da AMVP

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Moradores da Vila Planalto discutem situação do bairro, alvo de especulaçãoAssociação de Moradores da Vila Planalto organiza encontros para discutir a situação do bairro histórico, alvo de especulação. Grupo de trabalho discute formas de revitalizar o local

Publicação: 24/11/2011 08:05 Atualização: 24/11/2011 11:04
Construções de madeira que caracterizavam o tempo dos pioneiros: desde a década de 1980, tradição se degrada (Dênio Simões/Esp. CB/D.A Press)
Construções de madeira que caracterizavam o tempo dos pioneiros: desde a década de 1980, tradição se degrada

Bem próximo dos três palácios presidenciais — o do Planalto, o da Alvorada e o do Jaburu —, a Vila Planalto amarga o esquecimento por parte das autoridades e vive uma fase de completa descaracterização do plano urbanístico. Apesar do descaso, um grupo de trabalho formado por moradores, pioneiros, políticos, engenheiros, arquitetos e urbanistas pretende revitalizar a região. A equipe quer elaborar, até o fim de março de 2012, um projeto para apresentar ao governo local. A ideia é construir novas calçadas, melhorar a iluminação, restaurar as casas históricas e transformar a vila em uma região boêmia do Distrito Federal.

O primeiro encontro para discutir as medidas a serem tomadas ocorreu no restaurante Casarão, em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. O presidente da Associação de Moradores da Vila Planalto, Vantuil Paulo de Santana, destacou que toda comunidade pede por melhorias na região e quer revitalizar os espaços históricos. “A Vila Planalto sofre bastante com essa descaracterização e esse problema precisa ser resolvido”, avaliou.

Carlos Lima Verde, arquiteto e consultor técnico da associação, informou que existem na Vila Planalto 1.200 lotes, 12 mil moradores e cerca de 1.800 habitações. Segundo ele, o número de domicílios é maior do que o de lotes porque muitos espaços foram fracionados, outros transformados em prédios e as normas de gabarito não são seguidas. “Para conseguirmos alguma mudança, precisamos de vontade política, competências técnicas e administrativas, apoio da população e mudanças na legislação atual. É um trabalho longo, mas necessário.”

Também integrante do grupo de trabalho, o deputado federal Luiz Pitiman (PMDB-DF) vai propor a destinação de R$ 2,5 milhões em emendas ao Orçamento Geral da União de 2012 para serem aplicados pelo Ministério do Turismo em melhorias na Vila Planalto. “Queremos em até quatro meses apresentar uma proposta ao governo e transformar esta região em uma nova área boêmia da capital federal”, disse.

Desafios
O urbanista Carlos Magalhães, pioneiro de Brasília e morador da Vila Planalto desde 1959, convocou a comunidade a participar ativamente do projeto, pois acredita que só é possível revitalizar a área com apoio de todos. “Além do povo à frente da iniciativa, só vou começar a acreditar nesse projeto quando o (Alfredo) Gastal (superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do DF) disser qual é o gabarito e a poligonal da vila”, desafiou.

Gastal, integrante do grupo que reivindica melhorias locais, relembrou os seis meses em que morou na Vila Planalto quando chegou a Brasília, em 1967: “Esta é uma cidade tombada e cheia de problemas. Precisamos resolvê-los”. O próximo encontro do grupo será amanhã, às 12h, na sede da Superintendência Regional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

As construções de madeira que guardavam parte importante da história de Brasília deram lugar a residências suntuosas de alvenaria. Esse fenômeno começou na década de 1980, quando a paisagem da Vila Planalto sofreu as primeiras transformações. Hoje, 54 anos depois da fundação da cidade que abrigou os pioneiros da nova capital, a região passa por uma nova onda de especulação imobiliária.

A proliferação de prédios de quitinetes, que fere o tombamento, não é a única irregularidade observada nas ruas da Vila Planalto. Construções ilegais em áreas públicas e ocupação de becos, de praças e de áreas verdes são abusos recorrentes. Além disso, muitos pioneiros e seus filhos não resistem às propostas tentadoras de corretores imobiliários e fracionam seus terrenos. O parcelamento indiscriminado dos lotes deixa ainda mais complexa a situação fundiária da vila.

Deterioração
Hoje, existem apenas 19 construções remanescentes em madeira, mas a maioria está em avançado estado de deterioração. Entre as edificações da Vila Planalto, cinco são classificadas como de preservação rigorosa. Entre elas, estão as cinco casas da antiga Fazendinha e a Igreja Nossa Senhora do Rosári
Reportagens recentemente publicadas pelo Correio denunciaram a descaracterização do local (Dênio Simões/Esp. CB/D.A Press)
Reportagens recentemente publicadas pelo Correio denunciaram a descaracterização do local


Eu acho...
“A revitalização da Vila Planalto é uma necessidade. Primeiro, porque a vila faz parte da história do Distrito Federal. A reconstrução do Conjunto Fazendinha faz parte desse pedido da comunidade. Não só a restauração da cidade é necessária, mas a recuperação da calçadas, da iluminação pública e o aumento da segurança. Aqui é um lugar tranquilo, e, para que essa situação permaneça, o investimento precisa ser feito. Queremos cuidar das nossas raízes.”
Efigênia Fernandes, 50 anos, professora, moradora da Vila Planalto desde 1970

Vila Planalto em alta


MORADORES COBRAM MAIS ESTACIONAMENTOS PÚBLICOS, ILUMINAÇÃO E POLICIAIS NAS RUAS PARA GARANTIR A SEGURANÇA ANTES QUE O BAIRRO VIRE UM POLO DA BOEMIA

24 de Novembro de 2011 às 19:42
Naira Trindade_ Brasília247 – Para transformar a pacata Vila Planalto – recanto de pioneiros que trabalharam na construção de Brasília – em um reduto de boemia, com bares movimentados e música ao vivo, o governo do DF terá de atender, primeiramente, às reivindicações da comunidade. Melhorias na infraestrutura, ampliação de estacionamentos e mais segurança pública lideram a lista de cobranças dos moradores. Poucos temem barulho e confusões noturnas, a maioria espera que a proposta leve ao bairro desenvolvimento e turismo.
Criada em 1958, a Vila Planalto enfrenta os mesmos problemas de qualquer cidade não planejada. O loteamento irregular por causa de invasões deixou as ruas mal definidas. A maioria é estreita, com duas faixas, o que não permite estacionar ao longo do meio fio. O sistema de drenagem é insuficiente para escoar a água da chuva. Após 15 minutos de temporal, nesta quinta-feira (24), algumas ruas ficaram alagadas. “O turismo não existe sem infraestrutura”, analisa a subsecretária de Estruturação e Diversificação da Oferta Turística da Secretaria de Turismo, Meyre France. “Os turistas querem ver um lugar bonito, bem sinalizado, e investimentos são fundamentais para melhorar isso.”
Empolgada com a iniciativa dos idealizadores da proposta – a neta de Oscar Niemeyer, Ana Lúcia; o superintendente no Distrito Federal do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Distrito Federal, Alfredo Gastal; o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Paulo Henrique Paranhos; e o deputado Luiz Pitiman – a Secretaria de Turismo pretende dar apoio incluindo os bares no roteiro turístico, como fez com alguns restaurantes que entraram para a lista como polo gastronômico.
Nas três décadas em que mora na Vila Planalto, a artesã Maristela Damasceno de Sena, 47, ouviu muitas propostas de revitalização do bairro que sofre com a especulação imobiliária e com irregularidades: “Não tenho nada a reclamar de barulho, mas seriam necessários mais policiais nas ruas para dar segurança aos moradores e até mesmo aos turistas”. A opinião da artesã é replicada em muitas outras ruas do bairro candango. A aposentada Maria Aparecida Machado (foto), 74 anos, 31 deles na Vila Planalto, não consegue visualizar nenhum ponto negativo. “Trará desenvolvimento e mais renda e é disso que esse lugar precisa”, resume.
Duas emendas apresentadas nesta quinta-feira (24) pelo deputado Luiz Pitiman, na Câmara dos Deputados, propõe a destinação de R$ 2,5 milhões para melhorar a infraestrutura da Vila Planalto. A primeira destina R$ 1,5 milhão deixar as ruas mais iluminadas, para receber as pessoas à noite, e construir calçadas com acessibilidade. A segunda, de R$ 1 milhão, é para restaurar o Conjunto Fazendinha – complexo do governo do Distrito Federal com cinco casas de madeira construídas em 1957. Administradas pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, as casas estão decadentes.
Os representantes de bares e restaurantes analisam com cautela a proposta divulgada na quarta-feira durante um almoço na Vila Planalto. Clayton Machado, do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília, enxerga duas vertentes para a ideia: “Ela é muito boa, mas o preocupante é que a Vila é totalmente residencial e há o risco de incomodar a comunidade. Além disso, a estrutura viária não comporta muitos carros”. Presidente da Associação Brasileira de Bares Restaurantes no Distrito Federal, Jaime Recena também demonstra preocupação em relação à infraestrutura. “O sistema de transportes é ruim e as pessoas teriam que se deslocar para lá de carro”, diz. “Todos os pontos devem ser muito bem expostos e pensados para que o projeto tenha sucesso.”